Síndrome de Down: amor e sexualidade
As pessoas com síndrome de Down são diferentes entre si, mas têm algo em comum: a maioria precisa lidar com uma série de estigmas que existem acerca de sua sexualidade.
Com o passar do tempo, o jovem com a síndrome se depara com a puberdade. Por mais que algumas pessoas os enxerguem apenas como angelicais ou infantis, eles também têm o direito e a vontade de desenvolver suas sexualidades, uma parte muito importante de suas vidas.
A puberdade pode parecer difícil. Entretanto, as pessoas com Down são capazes de entender e absorver as transformações em suas vidas. Por isso, é necessário que tenham espaço para absorverem a sua maneira.
O amadurecimento sexual e comportamental acontece de maneira diferente para cada um e será de maneira mais lenta do que para uma pessoa sem deficiência.
Não apressar e nem evitar esse processo natural é uma dica importante. Para entender a transformação do jovem, é necessário levar em consideração suas conquistas e dificuldades.
Continue a leitura desse texto e saiba como se dá a sexualidade para pessoas com Down e como ajudar para que esse processo de descoberta seja tranquilo. Boa leitura!
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É preciso educar e confiar para que os relacionamentos de pessoas com síndrome de Down sejam saudáveis
Como falamos, o jovem com síndrome de Down passa pela puberdade assim como qualquer outro, mas com suas particularidades. Esse processo de amadurecimento faz com que ele queira fazer atividades normais de adolescentes, como sair sozinho com os amigos, por exemplo.
A adolescência é uma nova etapa da vida, cheia de possibilidades para o desenvolvimento dos relacionamentos de pessoas com síndrome de Down. Não podemos privá-las desse momento tão valioso para o desenvolvimento de suas habilidades sociais.
É necessário que o jovem seja estimulado a conhecer novas pessoas, fazer amizades e manter amigos. Isso o ajuda a compreender o funcionamento da sociedade e faz com que ele seja mais feliz. Afinal, todos precisamos de amigos para contar nossos problemas e dividir momentos de alegria e aceitação.
Durante este período, vem o interesse em ter mais autonomia e privacidade. Mas é evidente que, com as novas liberdades, os cuidadores precisam abordar tópicos relacionados à saúde e à vida sexual.
É fundamental frisar aqui que infantilizar o jovem para evitar que ele desenvolva relacionamentos amorosos e sexuais é um dos erros mais comuns. Isso não o prepara para a realidade e nem para as consequências, como uma eventual gravidez, por exemplo.
Por isso, o cuidador deve estar aberto para iniciar diálogos sobre o assunto e solucionar dúvidas de maneira objetiva e honesta. Só assim as pessoas com Down poderão viver a sua sexualidade de maneira saudável.
É imprescindível abordar temas como esse e sobre as obrigações que estão por vir com a chegada da vida adulta. Também faz parte do processo o surgimento de paixões e interesses românticos.
Assim como qualquer jovem, a pessoa com Down deve ter a liberdade de ir a encontros para poder entender e explorar esses sentimentos.
Como o cuidador pode ajudar a tornar esse momento mais seguro?
A sexualidade para a pessoa com síndrome de Down não é diferente, mas a compreensão sobre esse aspecto precisa de uma abordagem mais detalhada.
É fundamental que os responsáveis auxiliem no processo de amadurecimento sexual. A família é o primeiro grupo social da pessoa, o que faz ser um círculo relevante para o desenvolvimento do jovem como um todo.
Comece explicando sobre o sexo, além das questões físicas e biológicas. Utilize imagens para ilustrar as diferenças entre um corpo adulto e um infantil e por que essa distinção é tão importante. Aborde as transformações corporais, como o surgimento de pelos e a mudança nas formas do corpo. Outro tópico importante é a masturbação. É necessário explicar que não é errado se tocar, mas que há o momento e o local correto para isso.
É imprescindível falar sobre consentimento, prazer e a responsabilidade que vem com as relações amorosas e sexuais. As pessoas com Down precisam estar cientes sobre os limites nos relacionamentos e precisam também saber do que gostam e até onde querem ir, bem como a saber dizer “não”. No caso de homens, é ainda mais importante falar sobre respeitar o que a outra pessoa quer fazer. Ensinamentos como esses evitam casos de abuso sexual.
Não se esqueça de tratar sobre a higiene, doenças sexualmente transmissíveis e a necessidade do uso de camisinha. Uma consulta com um médico antes de iniciar a vida sexual é excelente para que todas as orientações complementares sejam dadas.
Casamento e filhos
De acordo com a lei, pessoas com Down podem se casar, seja com outra pessoa com Down ou não. Nesse caso, a família continua sendo necessária no acompanhamento e no apoio durante o processo.
Em relação a ter filhos, as mulheres com Down ovulam e menstruam normalmente. Já os homens, em geral, são considerados inférteis devido às mudanças nos espermatozoides. Casais com Down ou com uma pessoa com Down, que querem ter filhos precisam ter grande autonomia para darem conta de criar um ser humano. Porém, é possível, desde que os pais sejam independentes e dedicados.
Contribuiu com a revisão técnica deste artigo a Federação das APAES de Minas Gerais, representada por Natália Lisce Fioravante Diniz, Mestre da Saúde da Criança e do Adolescente pela Faculdade de Medicina da UFMG e Coordenadora técnica do Instituto de Ensino e pesquisa Darci Barbosa (IEP-MG).
Muito bom o texto. Tenho um rapaz de 22 anos com espectro autista. Interage muito bem com as pessoas, mas seu cognitivo e fala são comprometidos. Posso utilizar as mesmas orientações acima para as pessoas com síndrome de down? Me preocupa muito pois ele é muito impulsivo e tenho a sensação que não se cuidará direito na hora.