Tratamento gratuito para microcefalia: conheça o trabalho das APAEs
Desde a epidemia do Zika vírus no Brasil, em 2015, mais de 3.400 bebês nasceram com microcefalia congênita no país. E, dessa forma, para ajudar as famílias brasileiras que lidam com essa condição, as APAEs oferecem tratamento gratuito para microcefalia.
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que, em geral, é superior a 32 cm.
Entre as particularidades de quem tem a microcefalia, é possível citar o déficit cognitivo, o comprometimento visual, auditivo e da fala, a perda de audição, a espasticidade muscular, a paralisia, o nanismo e a epilepsia. Por isso, as dificuldades de cada criança são únicas. Entretanto, elas podem contar com o tratamento gratuito oferecido pelas APAEs.
Continue a leitura e saiba como essas instituições contribuem com essa causa!
O papel da APAE no tratamento
A APAE conta com mais de 2 mil unidades espalhadas no Brasil. As APAEs têm por missão promover e articular ações de defesa de direitos, prevenção, orientação, prestação de serviços, apoio à família, direcionadas à melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência intelectual e/ou múltipla e à construção de uma sociedade justa e solidária. Assim, oferecem atenção integral e integrada nas áreas de assistência social, educação e saúde.
Entre os serviços ofertados, está o atendimento multi e interdisciplinar. Em específico, na área da saúde, conta com o acompanhamento de:
- médico especialista (neurologista e/ou psiquiatra);
- fisioterapeutas;
- fonoaudiólogos;
- psicólogos;
- terapeutas ocupacionais;
- enfermeiros;
- assistentes sociais.
Além desses profissionais, a APAE conta com o suporte da equipe complementar. Ela é composta por:
- nutricionista;
- técnico/auxiliar de enfermagem;
- dentistas;
- pediatras;
- ortopedistas;
- oftalmologista;
- entre outras especialidades.
O que inclui o tratamento gratuito para microcefalia?
O serviço de saúde nas APAEs realiza habilitação e reabilitação. Cada caso é analisado em sua individualidade, com a finalidade de encontrar o melhora tratamento para cada pessoa.
Não há tratamento específico para a microcefalia. No entanto, existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e da criança, e esse acompanhamento é orientado pelo SUS. Sendo assim, como cada criança desenvolve complicações diferentes, o acompanhamento por diferentes especialistas vai depender de suas funções que estiverem comprometidas.
Dessa forma, todas as crianças com esta malformação devem ser inseridas no Programa de Estimulação Precoce, desde o nascimento até os três anos de idade — período em que o cérebro se desenvolve mais rápido.
Assim, a estimulação precoce tem como objetivo maximizar o potencial de cada criança e engloba o crescimento físico e a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva, que podem ser prejudicados pela microcefalia.
Desse modo, quando uma criança com microcefalia chega à APAE, ela é avaliada pelos profissionais da equipe técnica. Ao final das avaliações e discussões do caso serem feitas, então, é elaborado o projeto terapêutico singular (PTS).
O Projeto Terapêutico Singular (PTS)
O projeto terapêutico singular (PTS) é, em outras palavras, um plano com as ações que serão trabalhadas com cada criança, de acordo com as suas necessidades e particularidades. Dentre os serviços ofertados pela área de saúde nas APAEs, estão:
- Diagnóstico e avaliação funcional da deficiência;
- Estimulação precoce;
- Orientação à família, aos cuidadores e/ou acompanhantes;
- Atendimento em reabilitação/habilitação;
- Reuniões periódicas;
- Reavaliação periódica do projeto terapêutico;
- Atendimento individual e/ou em grupo de acordo com as necessidades de cada usuário e suas dificuldades específicas;
- Articulação dos pontos de atenção atenção básica, hospitalar e de urgência e emergência;
- Participação/promoção de parceria com instituições de ensino e pesquisa na área de deficiência;
- Articulação com serviços de assistência social, educação, esporte e cultura.
LEIA MAIS: Saiba sobre os sintomas e causas da microcefalia
A estimulação precoce de bebês nascidos com alterações do desenvolvimento neuropsicomotor, decorrentes da síndrome congênita do vírus Zika, assim como em outras condições, tem como objetivo o desenvolvimento dos vários sistemas orgânicos funcionais.
Eles estão relacionados com as áreas motora, sensorial, perceptiva, proprioceptiva, linguística, cognitiva, emocional e social, por exemplo, sejam elas dependentes ou não da maturação do Sistema Nervoso Central (SNC).
Assim, cabe aos profissionais da equipe médica e da equipe de reabilitação as competências necessárias para a avaliar, indicar, prescrever e acompanhar o uso destes recursos.
Confira, a seguir, o que contempla o tratamento gratuito para microcefalia.
Fonoaudiologia
O fonoaudiólogo vai aperfeiçoar a função auditiva periférica e central, a função vestibular, responsável pelo tônus muscular, postura, equilíbrio, coordenação oculomotora e orientação espacial.
Além disso, essa função também está relacionada com a linguagem oral e escrita, voz, fluência, articulação da fala e desenvolvimento da deglutição, sucção, mastigação, respiração e fonação (estimulação da motricidade orofacial) que atuam como pré-requisitos para a aquisição do ato motor e da fala.
Fisioterapia
O fisioterapeuta, através da articulação dos fatores, propicia o progresso motor, aperfeiçoamento do equilíbrio, dificulta a atrofia dos músculos e os espasmos musculares. Assim como também auxilia no desenvolvimento, maturação, autonomia, psicomotricidade e a socialização.
Terapia ocupacional
O terapeuta ocupacional contribui para a autonomia, momento em que se treina atividades diárias, como escovar os dentes ou comer, com o uso de equipamentos especiais, ou mesmo adaptações simples para as atividades de vida diária.
Os recursos são pensados para facilitar a alimentação, autocuidado, banho, vestuário, desenho, escrita, entre outros, com a finalidade de desenvolver o protagonismo da criança diante de tais tarefas.
Psicólogo
O acolhimento, o apoio à família e a criação de grupos de pais ajudam a lidar com as emoções e a fortalecer as interações. Isso porque a chegada de uma criança com microcefalia pode implicar em diferentes sentimentos nos membros da família e alterar a estrutura familiar estabelecida antes do nascimento do novo filho.
Assim, há a necessidade do direcionamento de atenção não apenas à criança com necessidades especiais, mas também à compreensão do processo de luto proveniente das expectativas criadas pela idealização do filho e o conflito gerado pelo que se apresenta na realidade.
Os profissionais podem auxiliar a família neste processo de ressignificação, ao criar um novo olhar acerca da deficiência, abordar as potencialidades para que os pais possam proporcionar um ambiente adequado ao desenvolvimento do filho com microcefalia e promover a aderência à estimulação precoce da criança.
Outros cuidados com bebês com microcefalia
Ao longo do texto foi falado sobre como a criança com microcefalia precisa de atenção especial a alguns cuidados que são essenciais para o seu desenvolvimento. Por isso, além das precauções já citadas, veja abaixo outros cuidados que são importantes para elas:
- Proteja o ambiente com telas em janelas e portas;
- Mantenha o bebê com uso contínuo de roupas compridas, como calças e blusas;
- Deixe-o em locais com telas de proteção, mosquiteiros ou outras barreiras;
- Se indica a amamentação até o 2º ano de vida ou mais, com exclusividade nos primeiros 6 meses;
- Não dê ao bebê qualquer medicamento por conta própria;
- Mantenha a vacinação e o acompanhamento médico em dia, por meio das APAEs ou Unidades Básicas de Saúde para monitorar o crescimento.
Por fim, vale lembrar: sempre há uma APAE próxima de quem apoia a inclusão! Você pode contribuir para que o tratamento gratuito para microcefalia oferecido pela Associação se desenvolva e auxilie cada vez mais crianças.
Doar é uma forma de estar próximo da causa, mesmo que você não possa visitar as instituições ou se voluntariar nesse momento. Com apenas R$ 1,00 por dia, as APAEs podem desenvolver seu trabalho e ser a diferença na vida de tantas crianças!
Contribua para que estes tratamentos gratuitos continuem!
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